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Anticoncepcional e Trombose

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Os anticoncepcionais hormonais são os métodos reversíveis mais utilizado pela população feminina para planejamento familiar e consiste da associação entre um estrogênio e um progestagênio; ou em apresentações de progestagênio isolado sem o componente estrogênico. Estão disponíveis em diversas formulações e vias de administração (oral, intramuscular, implantes subdérmicos, transdérmica, vaginal e associado a sistema intrauterino). Agem bloqueando a ovulação; espessando o muco cervical dificultando a passagem dos espermatozoides; tornando o endométrio não receptivo à implantação e; alterando peristalse das trompas uterinas.

Os estrogênios induzem alterações significativas no sistema de coagulação, culminando com aumento da geração de trombina. Ocorre também aumento dos fatores de coagulação (fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XII e XIII) e redução dos inibidores naturais da coagulação (proteína S e antitrombina), produzindo um efeito pró-coagulante leve.

Inicialmente, achava-se que a trombose era apenas devido a dose de estrogênio utilizado, o que culminou na redução da dose presente nos contraceptivos (de 150 mcg para 15-20 mcg). No entanto, o tipo de progestagênio associado ao estrogênio tornou-se motivo de estudos sobre o papel dos progestagênios na hemostasia e no aumento de risco de trombose.

O levonorgestrel foi o progestagênio (risco 3,6 vezes maior em relação a quem não usa) associado ao menor risco para trombose, seguido do gestodeno (risco 5,6 vezes maior) drospirenona (risco 6,3 vezes maior); acetato de ciproterona (risco 6,8 vezes maior); desogestrel (risco 7,3 maior).

Os anticoncepcionais com estrogênio natural (estradiol + dienogeste, estradiol + nomegestrol) teriam um risco para trombose semelhante a combinação de etinilestradiol e levonorgestrel. Desta mesma forma se comportariam o anel vaginal, o adesivo transdérmico e o injetável combinado mensal.

Apesar dos dados apresentados, isso não quer dizer que toda paciente deva utilizar sempre o contraceptivo contendo levonorgestrel. A prescrição do anticoncepcional deve ser individualizada, conhecendo-se o risco pessoal de eventos tromboembólicos (obesidade, enxaqueca, hipertensão arterial, tabagismo) e os benefícios adicionais de cada progestagênio.

Já os pacientes que utilizam métodos com progestágeno isolado (desogestrel, implante liberador de etonogestrel, acetato de medroxiprogesterona, sistema intra-uterino de levonorgestrel), este método não alterou o sistema hemostático e não aumentou o risco de trombose.

O dispositivo intra-uterino de cobre é um método anticoncepcional efetivo, não hormonal e de longa duração. Não está associado com aumento do risco de trombose venosa ou arterial.

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.