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Anticoncepcional e a Pele

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Os contraceptivos hormonais surgiram como medicações a serem usadas para anticoncepção, planejamento familiar e controle da natalidade. No entanto, os contraceptivos possuem outros efeitos não-contraceptivos como controle de fluxo menstrual, controle de cólicas menstruais, melhora de dor pélvica, melhora dos sintomas de “TPM”, prevenção de neoplasias malignas de ovário e endométrio e controle dos sintomas relacionados a patologias como leiomiomatose, adenomiose e endometriose.

Um dos efeitos mais bem conhecidos dos anticoncepcionais é sobre pele. Todos os anticoncepcionais hormonais têm efeito na redução da produção de andrógenos pelo ovário e/ou na redução da testosterona livre e circulante. Os andrógenos e a testosterona são os hormônios esteróides responsáveis pelo aumento da acne, oleosidade de pele e pêlos no corpo assim como podem estar associados com aumento de queda de cabelo. Algumas pacientes, como aquelas com diagnóstico de síndrome do ovário policístico, podem ter sintomas cutâneos mais exuberantes.

Os contraceptivos hormonais combinados estão associados com efeitos mais exuberantes na melhora da acne e oleosidade da pele, principalmente aqueles que tem  associação de etinilestradiol e progestágenos mais anti-androgênicos (ciproterona, drosperinona, clormadinona e dienogeste). É bom lembrar que quanto mais anti-androgênico é o progestagênio, mais alterações ele provoca na cascata da coagulação e maior o risco de trombose.

Já os contraceptivos compostos por progestágeno isolado (desogestrel, implante de etonogestrel, acetato de medroxiprogesterona e sistema intra-uterino de levonorgestrel) a pele geralmente não muda ou pode apresentar discreta melhora. No entanto, 30% pode referir piora da pele já que esses progestágenos isolados são derivados da nortestosterona e podem ter em efeito androgênico fraco.

Nas mulheres que já tem acne, que tem síndrome do ovário policístico ou que irão trocar o contraceptivo hormonal combinado pelo progestágeno isolado, poderão apresentar piora da pele após a introdução desta medicação.

Estas pacientes que apresentaram piora da pele com a introdução do progestágeno isolado, que apresentam contra-indicação para os contraceptivos combinados, ou que não apresentaram melhora da pele e dos sintomas androgênicos após 6 meses de introdução do contraceptivo, a associação de medicação anti-androgência está indicada. Para isso pode ser utilizado a ciproterona , 12,5 a 50 mg, 1 vez por dia por mês, por 14 dias por mês; ou a espironolactona, 100 a 200 mg, 1 vez por dia, por 6 a 12 meses. Essas medicações poderão ser descontinuadas assim que a paciente referir melhora da pele e poderão ser reiniciadas quando a paciente referir piora. Outros anti-androgênicos que podem ser utilizados são a flutamida e finasterida. O tratamento concomitante com o dermatologista pode ajudar no tratamento.

O efeito dessas medicações anti-androgênicas sobre o pêlo e sobre o ciclo de crescimento é mais demorado. Geralmente a quantidade de pêlos pode reduzir mas não conseguirão extinguir o folículo piloso. Neste caso, considerar a laserterapia.

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.