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Anticoncepcional e Enxaqueca

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A enxaqueca ou migrânea é uma dor de cabeça recorrente com distúrbios ou disfunção neurológica e acompanhada de náuseas e vômitos, fotofobia e fonofobia. Até 30% das mulheres em idade reprodutiva tem migrânea, sendo a sem aura a mais prevalente. A migrânea com aura é a associação da dor de cabeça com sintomas neurológicos complexos de natureza sensório-visual que surgem antes e durante as crises como perda de visão, luzes, pontos luminosos, dormência e formigamento. A presença da aura, por si só, aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC), principalmente nas pacientes jovens.

O estrógeno presente nos contraceptivos hormonais combinados pode piorar as crises de enxaqueca em intensidade e freqüência. Este hormônio pode aumentar o risco de AVC, principalmente na mulher que apresenta crises com aura.

Desta forma, na paciente com aura o estrógeno tem contra-indicação absoluta pois aumenta em 40 vezes o risco de AVC. Essas pacientes terão a mesma contra-indicação do estrogeno no caso da reposição hormonal.

Na paciente sem aura, ela poderá usar qualquer método anticoncepcional até os 35 anos desde que ausência de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (tabagismo, diabetes, hipertensão arterial). Após os 35 anos, o estrogênio não é indicado mesmo nas pacientes sem aura. Na paciente até os 35 anos, sem aura e que apresenta piora das crises de enxaqueca após a introdução do contraceptivo hormonal combinado, este deve ser descontinuado.

Existem pacientes que apresentam cefaléia não-migranosa na época da pausa do anticoncepcional pela redução do estrógeno. Neste caso, o uso do progestágeno contínuo, ou do método combinado sem pausas, ou de métodos com pausas de 4 dias, ou de métodos que mantêm o estrógeno na pausa pode reduzir as crises de dor de cabeça.

Muitas pacientes com enxaqueca utilizam medicações para controle das crises, como carbamazepina e topiramato. Essas medicações aumentam o metabolismo hepático e reduzem a eficácia de todos os contraceptivos hormonais orais, seja combinado ou progestágeno isolado. Todos os métodos que possuem etinilestradiol em sua formulação (anel vaginal, adesivo transdérmico e os contraceptivos orais combinados) podem alterar o efeito da carbamazepina e do topiramato. Essas pacientes somente poderão utilizar o injetável mensal, o injetável trimestral , sistema intra-uterino de levonorgestrel, dispositivo intra-uterino de cobre e implante de etonogestrel.

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.