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Leiomiomatose Uterina

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Leiomiomatose Uterina ou Mioma Uterino é a denominação para um tumor benigno originado a partir da proliferação das células da musculatura do útero e que acomete aproximadamente 40% a 80% das mulheres. É o tumor benigno mais comum da mulher, respondendo por aproximadamente 95% dos tumores benignos do trato genital feminino.. A maior incidência do mioma uterino é entre mulheres de 40 a 50 anos.

O Leiomiossarcoma, a variante maligna, é um tumor extremamente raro na mulher, com incidência de 0,1 a 0,5%.

O Leiomioma Uterino pode ser único, mas geralmente é múltiplo (daí o nome Leiomiomatose Uterina) e causa aumento do volume útero e pode distorcer significativamente o seu contorno.

A maior parte das mulheres com Leiomiomatose Uterina são assintomáticas e apenas 20% vão precisar de algum tratamento devido ao aparecimento de sintomas como sangramento uterino anormal, anemia, dismenorreia, dor pélvica, dor nas relações sexuais, aumento do volume abdominal e infertilidade

 

Quais são os tipos de mioma uterino?

 

 Os Leiomiomas Uterinos são classificados conforme a sua localização no útero. Os três tipos principais de miomas uterinos são:

  • Subseroso: é o mioma localizado na parte mais externa do útero, abaixo serosa uterina. É o mioma que geralmente o que provoca menos sintoma de sangramento uterino anormal e que ao exame físico altera mais os contornos uterinos. Quando atinge grandes dimensões pode ocasionar dor pélvica por compressão dos órgãos adjacentes como intestino, bexiga e ureter. Essa compressão pode provocar também queixas urinárias como aumento da freqüência miccional e constipação intestinal.

  • Intramural: está localizado no interior da camada muscular do útero, chamada de miométrio. Quando atinge grandes dimensões, pode causar aumento do volume do sangramento uterino e cólicas menstruais. Pode abaular a cavidade interna do útero e gerando infertilidade.

  • Submucoso: está localizado na camada mais interna do útero, chamada de endométrio, e é o tipo de mioma que mais interfere no potencial fértil da paciente. Além disso, o mioma submucoso está correlacionado com uma maior duração de fluxo e duração da menstruação (é a forma que mais provoca hemorragias devido à sua íntima relação com o endométrio).

Como é feito o diagnóstico?

 

O diagnóstico do mioma uterino é feito a partir da suspeição do médico, aliando a história clínica e os achados ao exame físico geral e ginecológico. Os exames de imagem serão solicitados, geralmente ultrassom transvaginal. Eventualmente, os leiomiomas uterinos podem ser diagnosticados através de tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética.

 

Quais são as causas da formação dos miomas uterinos?

 

Existem diversos fatores genéticos e hormonais envolvidos no desenvolvimento dos miomas. Além disso, alguns fatores podem promover um aumento no risco do desenvolvimento de miomas uterinos, como por exemplo:

-Histórico familiar positivo: existem fortes indícios de que exista uma predisposição genética para o desenvolvimento do mioma uterino;

-Idade: mais encontrados em mulheres na idade reprodutiva, principalmente entre 40 e 50 anos;

-Nuliparidade: são mais comuns entre mulheres que nunca engravidaram;

-“Raça Negra”: é mais comum em pacientes negras;

-Hipertensão arterial.

Popularmente, os anticoncepcionais foram associados ao desenvolvimento dos leiomiomas. No entanto, os estudos mostram que as mulheres que usam anticoncepcionais têm um menor incidência de miomas uterinos por supressão dos hormônios ovarianos. Nas mulheres que já possuem leiomiomas, os anticoncepcionais não fazem os miomas aumentarem, reduzirem ou desaparecerem.

Geralmente, os miomas tem um crescimento lento durante a idade reprodutiva. Na gravidez, os miomas podem crescer a partir da 20° semana de gestação. Após o parto, os miomas reduzem voltando a dimensão anterior e, as vezes, ficam até menores.

Na menopausa com a falência dos ovários e a redução na produção dos hormônios, os miomas tendem a reduzir de tamanho e os sintomas associados a eles como sangramento e dor pélvica tendem a desaparecer. O leiomioma não é uma contra-indicação para reposição hormonal, mas poderá crescer a depender do hormônio utilizado. As mulheres que fazer terapia de reposição hormonal podem apresentar maior incidência de escapes menstruais na menopausa.

 

Como é feito o tratamento?

 

Gostaríamos que todas as mulheres com leiomiomas uterinos evoluíssem o mais rápido possível para a menopausa, quando a menstruação cessaria e os leiomiomas reduziriam.

No entanto, uma grande parte das pacientes necessitará de tratamento até a menopausa fisiológica. A presença de leiomiomatose uterina não é a mesma coisa que necessidade de cirurgia.

O tratamento clínico é baseado em medicações que reduzem o volume menstrual e a dor pélvica, não hormonais ou hormonais. Entre as medicações não hormonais temos os anti-inflamatórios e o anti-fibrinolíticos(ácido tranexâmico ou ácido gama-aminocaproico) . Já as medicações hormonais são as mais utilizadas e são baseadas nos anticoncepcionas e reposições hormonais. O tratamento clínico não provoca a redução, aumento ou desaparecimento dos miomas.

Na falha do tratamento clínico e/ou na presença de leiomioma de grandes dimensões ou com rápido crescimento, o tratamento cirúrgico é necessário. Entre as possibilidades de tratamento cirúrgicos temos:

1)Miomectomia: são retirados os miomas e preservado o útero. Este tratamento é realizado nas pacientes que desejam engravidar ou que desejam preservar o útero. Pode ser realizado por laparotomia e laparoscopia;

2)Histeroscopia cirúrgica: é um procedimento minimamente invasivo, sem cortes e sem pontos, utilizado para retirada dos leiomiomas submucosos; (Veja Post Sobre Histeroscopia)

3)Embolização de artérias uterinas: é um procedimento em que se cateteriza seletivamente as artérias que irrigam os miomas e promove obstrução destes vasos com a injeção de microparticulas. Com a redução da irrigação sanguínea, os leiomiomas reduzirão suas dimensões mas não deixarão de existir. A redução das dimensões do mioma e do útero está associada com a melhora do sangramento uterino anormal e das dores pélvicas;

4)Histerectomia: É a retirada completa do corpo uterino e/ou colo uterino. (Veja o Post Sobre Histerectomia)

 

 

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.