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Incontinência Urinária

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A incontinência urinária é a perda involuntária de urina com prejuízo social e higiênico. A perda urinária aumenta a incidência no climatério após os 40 anos, principalmente depois da menopausa.  Em média 30 a 50 % das mulheres terão alguma perda urinária, mas a minoria terá prejuízo da qualidade de vida e exigirão tratamento.

 

FATORES DE RISCO:

 

1)Idade;

2)Gestação;

3)Partos vaginais de repetição;

4)Parto instrumentalizado;

5)Obesidade;

6)Patologias que cursam com aumento da pressão intra-abdominal (constipação intestinal, asma brônquica);

7)Patologias neurológicas (acidentes vasculares cerebrais, Alzheimer, Parkinson).

8)Doenças do tecido conjuntivo e do colágeno.

 

CLASSIFICAÇÃO:

 

1)Incontinência urinárias aos esforços: perda urinária aos esforços como tosse, espirro, carregar peso, gargalhada, corrida, etc;

2)Síndrome da bexiga hiperativa: Urgência com ou sem incontinência de urgência, noctúria, polaciúria;

3)Incontinência urinária mista: Síndrome da Bexiga Hiperativa + Incontinência urinária aos esforços;

4)Incontinência urinária por retenção urinária crônica: Associada com obstrução infravesical e hipocontratilidade detrusora.

 

DIAGNÓSTICO:

 

O diagnóstico é realizado a partir da história clínica e do exame físico. Nesta parte da avaliação, serão verificadas as queixas da paciente, os fatores que desencadeiam a perdas urinárias, a presença de infecção urinária de repetição, a presença de dificuldade para urinar, a periodicidade da perda urinária, o volume da perda, a necessidade do uso de absorventes íntimos, o grau de prejuízo na qualidade de vida da paciente, a presença de perda urinária durante manobras de esforço ao exame físico, a presença de prolapso genital.

A partir dessa avaliação inicial, o diagnóstico clínico será realizado. No entanto, esse diagnóstico clínico tem uma chance de erro em até 36% das pacientes. Por isso, em alguns casos o estudo urodinâmico pode ser necessário para diagnóstico das disfunções miccionais. (ver Post sobre Estudo Urodinâmico).

Durante o diagnóstico, as causas de incontinência urinária transitória provocadas por infecção urinária, uso de medicações como diuréticos, diabetes mellitus descompensada e tireoidopatias deverão ser descartadas e tratadas.

 

TRATAMENTO:

 

SÍNDROME DA BEXIGA HIPERATIVA/HIPERATIVIDADE DETRUSORA:

 

No estudo urodinâmico, a representação gráfica é chamada de hiperatividade detrusora.

1)Reeducação miccional e micção programada: a paciente deverá evitar a retenção urinária voluntária e urinar a cada 2-3 horas;

2)Mudanças do Estilo de Vida: cessar tabagismo, cessar ingesta de bebida alcoólica, perda de peso, restrição de café, chá-mate, bebidas gaseificadas, chocolate em excesso;

3)Fisioterapia: cinesioterapia e eletroestimulação (nervo tibial posterior e endovaginal);

4)Medicamentoso: anti-colinérgicos não seletivos (oxibutinina) ou seletivos (solifenacina, darifenacina, tolterodina); anti-depressivos tricíclicos (imipramina); agonista B3 adrenérgicos (mirabegrona). É possível a associação destas medicações no tratamento da síndrome da bexiga hiperativa.

As medicações utilizadas para o tratamento da síndrome da bexiga hiperativa estão associadas com boca seca (xerostomia), vista seca (xeroftalmia) e constipação instestinal no caso dos anti-colinérgicos, principalmente os não seletivos. A imipramina pode provocar tontura, distúrbios cognitivos e sonolência. A mirabegrona está associada com aumento da pressão arterial. Os anti-colinérgicos estão contra-indicados em pacientes com glaucoma de ângulo e sinais de obstrução intestinal. Já a imipramina é contra-indicada em pacientes com cardiopatias, principalmente na presença de arritmias. Os B3-adrenérgicos estão contra-indicados em pacientes com cardiopatias e hipertensão arterial de difícil controle.

5)Estrogênio local: Nas mulheres menopausadas, o uso do estrogênio local (estriol ou promestrieno) pode ajudar no tratamento da incontinência urinária de urgência;

6)Toxina botulínica intra-vesical: na falha do tratamento clínico habitual descrito acima, essa modalidade de tratamento pode ser utilizada;

7)Neuromodulação sacral.

 

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO:

 

1)Reeducação miccional e micção programada: a paciente deverá evitar a retenção urinária voluntária e urinar a cada 2-3 horas;

2)Fisioterapia: cinesioterapia e biofeedback;

3)Cirurgia: O tratamento cirúrgico visa estabelecer o mecanismo de continência urinária seja através do tratamento da  hipermobilidade uretral, seja através da criação neo-ligamentos que mimetizem os ligamentos pubo-uretral ou uretro-pélvico que foram lesados. Existem diversas cirurgias descritas para o tratamento da incontinência urinária de esforço como o Burch e o Sling de fáscia autóloga. Atualmente, são utilizadas cirurgias minimamente invasivas através do uso das faixas de slings sintéticas, seja a via transobturatória, a via retropúbica ou o minisling. Discuta com o seu médico o melhor tratamento!

 

 

 

 

 

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.