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Síndrome do Ovário Policístico

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A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma síndrome endócrino-metabólica que afeta entre 5% e 10% das mulheres durante o período reprodutivo, sendo uma causa muito importante de infertilidade.

A causa exata ainda é desconhecida. Pesquisas estimam que 70% a 80% dos casos são genéticos e alguns estudos apontam que, se a mãe tem SOP, há uma probabilidade de 50% da filha também ser diagnosticada com a doença. Os fatores ambientais, como dieta rica em carboidrato e gordura e aumento de peso, também estão relacionados. A perda de peso, por exemplo, está associada com a melhora dos sintomas relacionados a síndrome do ovário policístico.

A síndrome pode envolver uma combinação de desordens associadas a um excesso de hormônios masculinos (androgênios), resistência a ação da insulina e ovulação irregular.

É uma síndrome caracterizada por:

  • Ciclos menstruais irregulares (normalmente com intervalo muito grande entre eles);

  • Sintomas androgênicos: acne, oleosidade excessiva da pele, excesso de pêlos (em áreas tipicamente masculinas como buço, queixo, costas, tórax etc.), queda de cabelos (alopecia androgênica);

  • Aumento dos hormônios androgênicos (testosterona, sulfato de desidroepiandrosterona – DHEAS)

  • Presença de múltiplos pequenos cistos nos ovários ao ultrassom, chamados tecnicamente de folículos antrais.

Caso você tenha pelo menos duas das quatro características listadas acima você pode ter Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).

O diagnóstico depende da exclusão de outras patologias endócrinas que acometam as glândulas adrenais, a tireoide, e outras doenças que causam aumento dos hormônios masculinos como tumores de ovário.

O exame de ultrassom ajuda, mas não é suficiente para identificar a síndrome. O achado isolado de aumento dos folículos antrais ao ultrassom não fecha o diagnóstico de síndrome do ovário policístico.

Na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), os ovários ficam repletos de múltiplos folículos antrais que param de crescer e não chegam ao momento da ovulação (os chamados “microcistos ou cistos”). Em portadoras da síndrome, esses cistos permanecem e modificam a estrutura dos ovários, tornando-os maiores que o normal.

Esses cistos que não crescem levam a três problemas:

  • Falta de ovulação;

  • Excesso de produção de hormônios masculinos pelos folículos (androstenediona e testosterona);

  • Resistência à insulina.

E quais as consequências disso?

  • Infertilidade

  • Irregularidade da menstruação;

  • Acnes;

  • Oleosidade excessiva da pele;

  • Alopécia androgênica;

  • Excesso de pêlos ou hirsutismo em locais típicos de distribuição masculina;

  • Obesidade;

  • Maior risco de diabetes, hipertensão, alterações de triglicérides e colesterol (Síndrome Metabólica);

  • Maior risco de doenças cardiovasculares com infarto e acidente vascular cerebral;

  • Maior risco de câncer de endométrio (a camada interna que reveste o útero).

  • Maior risco de abortamento;

  • Maior risco de diabetes gestacional.

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é genética e não tem cura. Ela começa a se desenvolver a partir da puberdade e o tratamento é contínuo e envolve mudanças de hábitos e de estilo de vida:

  • Restrição de carboidratos e calorias totais é benéfica;

  • Exercícios físicos.

Algumas medicações podem ser utilizadas:

  • Metformina: aumenta sensibilidade à insulina, melhorando o metabolismo e ajudando na regularização dos ciclos e da ovulação;

  • Indutores da ovulação nas paciente inférteis: Clomifeno, Letrozol e Gonadotrofinas.

O anticoncepcional não trata o ovário policístico. Essa medicação, principalmente os anticoncepcionais combinados contendo estrógeno e porgesterona, reduz os sintomas relacionadas a síndrome como irregularidade menstrual, acne, oleosidade excessiva da pele. Durante o uso destas medicações os cistos ovarianos poderão desaparecer. Quando a medicação for descontinuada, todos os sintomas retornarão e, inclusive, os cistos reaparecerão.

A cirurgia não é realizada para o tratamento do ovário policístico. No entanto, se alguma outra patologia requerer a realização de uma videolaparoscopia, o “Drilling” ovariano pode ser realizado, isto e, pequenos “furos” são realizados nos ovários e isso irá melhorar a circulação de hormônios locais e a capacidade de ovular. A cirurgia não deverá ser indicada apenas para a realização do “Drilling” ovariano.

Como a perda de peso está associada com a melhora dos sintomas do ovário policístico, as pacientes que realizam a cirurgia bariátrica e perdem peso,  apresentam uma melhora dos sintomas relacionadas a síndrome.

Nas pacientes inférteis e que não conseguem engravidar com métodos de baixa complexidade como indução de ovulação, as técnicas de Reprodução Assistida (Fertilização in vitro) promovem chances excelentes de gravidez. As mulheres com síndrome do ovário policístico tem risco aumentado para a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, o que é reduzido por protocolos específicos de medicações e congelamento de embriões.

Autor

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Dr Heitor Leandro Paiva Rodrigues

Ginecologista e Obstetra

Especialização em Titulo de Especialista em Ginecologia E Obstetrícia no(a) FEBRASGO.